29 de março de 2009

Neurogênese, exercícios criam novos neurônios !

Neurogênese, exercícios podem criar novos neurônios!

A prática regular de atividades físicas nos trás diversos benefícios para a saúde, isso já está estabelecido por um sem número de artigos que relataram durante décadas esses fatos. No entanto sempre surgem novas descobertas mesmo aonde nem sequer imaginamos. O novo campo que está sendo explorado ressalta esses benefícios!

Até pouco tempo o estabelecido pela ciência é que não há nascimento de novos neurônios em humanos adultos, teoria corroborada por Pasko Rakic, da Universidade de Yale, que afirmou em artigo publicado na revista Science que a Neurogênese não ocorre no cérebro de primatas. Desde então a estabilidade do número de neurônios é usada para explicar o processo de aprendizagem contínua e memória (RAKIC, 1985), além de justificar a inevitável degradação das funções nervosas com o avanço da idade, a qual seria causada pela morte de neurônios que não seriam mais repostos.

Mas essa teoria não é aceita por todos. Um grupo de pesquisadores liderados por Elizabeth Gould usou técnicas mais recentes e mostrou que o nascimento de novas células nervosas era sim possível em primatas adultos (GOULD et al, 1998 GOULD et al, 1999). O mais importante é que os novos neurônios foram encontrados em locais supostamente responsáveis por funções complexas, como memória, tomada de decisões e reconhecimento de formas.

O antigo dogma já vinha sendo desmantelado aos poucos, porém supunha-se que a Neurogênese somente seria possível em locais menos evoluídos do cérebro. Por isso, os estudos de GOULD foram revolucionários, eles se referem à área mais complexa: o córtex.

Alguns cientistas, porém, não são tão otimistas. Mais recentemente, um trabalho de David Kornack, e Pasko de Rakic, encontrou resultados diversos de Gould, a dupla usou os mesmos métodos de análise que a equipe de Elizabeth e encontraram novos neurônios somente no bulbo olfativo, responsável pelo olfato, e no hipocampo, responsável pela memória de curto prazo, sem verificar a Neurogênese no Neocortex, afirmando que as células novas ali encontradas não eram neurônios (KORNACK & RAKIC, 2001).

Apesar da questão não ter fim definido, é inevitável inclinar-se a acreditar nos resultados de GOULD. Suas descobertas trazem esperanças para o tratamento de lesões e doenças degenerativas, como o mal de Alzheimer, além de criar expectativas para o combate de males associados ao avanço da idade. A própria fundação da antiga crença é baseada em um paradigma ultrapassado, tipicamente cartesiano, a questão era: se a memória é permanente e o córtex é responsável por ela, então o córtex deveria ser fisicamente imutável.

Essas novas células participam de funções cerebrais importantes e sua perda e nascimento parecem ser relacionados aos desafios cognitivos enfrentados (KEMPERMANN et al, 1997; SHORS et al, 2001; GOULD et al, 2000). Não podemos, portanto, ser deterministas, nem rotular pessoas por sua maior ou menor capacidade para determinada tarefa. Muito menos desprezar os idosos, como se estivessem fadados a uma inevitável e irreversível perda das funções nervosas. Todos podem se desenvolver se estimulados adequadamente! Mais do que nunca, afirma-se que somos produtos de nossa interação com o meio, nosso desenvolvimento depende tanto das oportunidades que nos são dadas quanto de nossa maneira de encarar estas oportunidades, a qualquer tempo e em qualquer idade.

Em um estudo de GOULD fez-se um teste denominado "Paradigma do residente-intruso", no qual um macaco macho adulto, criado em cela individual, é colocado na cela de outro adulto, resultando em encontro agressivo e posição de subordinação do "intruso" em relação ao "residente". Foi verificado que após uma única sessão de 1 hora deste (cruel) teste o número de células proliferadoras nestes animais caía significativamente em relação a animais não estressados. Ou seja, situações de estresse influenciam negativamente no nascimento de novos neurônios (GOULD et al, 1998). O papel negativo do estresse foi confirmado por diversos outros estudos, como o de TANAPAT et al (2001), no qual ratos eram expostos ao odor de fezes de raposa. Uma revisão de GOULD & TANAPAT (1999) atribui o efeito do estresse às alterações bioquímicas específicas, como a elevação da adrenalina e dos corticosteróides.

Com as descobertas feitas em Princeton, é tentador achar que podemos combater lesões e degenerações do sistema nervoso com as atividades físicas. Além de todos os benefícios conhecidos, comprovar-se-ia mais um: a saúde neurológica. Nesta linha destaca-se o estudo recente do grupo de JOSÉ LUIZ TREVO, onde foi verificado que o exercício em ratos estimula a absorção pelo cérebro do fator de crescimento IGF-1, que teria efeito neurotrófico; Mas deve-se ter cuidado e responsabilidade ao entrar em um programa de atividades físicas com esse objetivo. Lembre-se que o estresse é antagonista da Neurogênese e que a atividades físicas tem tanto seu lado estressante, quanto estimulante. Um programa com potencial de promover o bom funcionamento neurológico deve ser responsavelmente equilibrado para que as alterações bioquímicas sejam as mais favoráveis possíveis.

Escrito por Vinícius Dobgenski em 29/01/2009 - 17:50:38 e publicado na Web Academia

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